Obra do mês de Abril: Obras completas de Jorge Luis Borges, 1998.

5 de abril de 2018

   

Sempre imaginei que o paraíso seria algum tipo de biblioteca.”, registrou um dos maiores escritores da literatura universal, Jorge Luís Borges, em Poema de los dones, de 1955. Em alusão ao dia do bibliotecário comemorado em 12 de março, o Acervo Dr. Severino Bezerra de Carvalho, pertencente à Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida, torna disponível, para pesquisa e consulta, no mês de abril, quatro volumes das Obras Completas (1998), do escritor Jorge Luís Borges, e o livro Obras Completas em Colaboración (1979) que reúne, em quase mil páginas, os textos produzidos por Borges em parceria com outros escritores, como Adolfo Bioy Casares e Margarita Guerrero.

Nascido na capital argentina, Buenos Aires, o escritor de um dos contos mais célebres, A Biblioteca de Babel, lecionou literaturas inglesa e americana, na Universidade de Buenos Aires, e também foi funcionário da Biblioteca Municipal Miguel Cané e diretor da Biblioteca Nacional da Argentina.

Talvez, por isso, tenha dedicado tantos cenários e personagens relacionados à biblioteca em seus contos, incluindo, em suas narrativas, livros imaginários e um complexo labirinto de textos, a exemplo do livro Ficções, onde encontramos o conto em destaque.

Esse conto traz um relato, em primeira pessoa, de um sujeito que vive em uma biblioteca de tamanho desconhecido. As pessoas que moram nessa biblioteca procuram, durante suas vidas, um significado para a existência deste lugar, para a ordem e os conteúdos da infinita trama que entrelaçam os livros.

Assim, o conto trata simbolicamente da relação que as sociedades estabelecem com a palavra escrita, com a busca incessante por verdades e pelas coerências distribuídas numa teia infinita de relações intertextuais. A Biblioteca de Babel é, portanto, um dos textos mais complexos e simbólicos do autor, a metáfora da biblioteca figura com inúmeras interpretações, sendo um convite irrecusável ao leitor para construir o seu palpite.

Presentes na tessitura da maioria dos influentes escritores da humanidade, como na de Borges, as paixões por livros e por ambientes de leituras podem ser desveladas para a compreensão da intertextualidade e, em consequência, das inspirações que as leituras de grandes clássicos da literatura podem imprimir aos novos textos, já que, para Borges, “Não tenho a certeza de que eu exista. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que conheci, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei, todos os meus antepassados.”.

Dessa forma, O Acervo Dr. Severino Bezerra de Carvalho, da Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida, reitera o convite para apreciar uma biblioteca, admirar um autor, contemplar uma coleção e fascinar-se, pois “Um livro não é um ser isolado; é um relacionamento, um eixo de inúmeros relacionamentos.”, lembrou Borges.