Obra do mês de Setembro: Primeira Edição da Revista VEJA
“Prezado leitor:
Onde quer que você esteja, na vastidão do território nacional, estará lendo estas linhas praticamente ao mesmo tempo que todos os demais leitores do País. Pois VEJA quer ser a grande revista semanal de informação de todos os brasileiros. […] O Brasil não pode mais ser o velho arquipélago separado pela distância, o espaço geográfico, a ignorância, os preconceitos e os regionalismos: precisa de informação rápida e objetiva a fim de escolher rumos novos. Precisa saber o que está acontecendo nas fronteiras da ciência, da tecnologia e das artes no mundo inteiro. Precisa acompanhar o extraordinário desenvolvimento dos negócios, da educação, do esporte, da religião. Precisa, enfim, estar bem informado. E êste é o objetivo de VEJA”.
Mais do que um mero Editorial, a publicação da primeira edição de VEJA (estilizada assim, em caixa alta, dentro da revista) apresentou-se ao público como um sonho ambicioso: diminuir as fronteiras e contracenar na geopolítica da informação e da cultura.
Em 11 de setembro de 1968, durante um período de grande efervescência social, cultural e política, os jornalistas Roberto Civita e Mino Carta lançam, pela Editora Abril, um periódico que se tornou a maior expressão do jornalismo nacional.
Inicialmente com o título de “Veja e Leia”, contendo 140 páginas, ao custo de 1 cruzeiro novo (!), a tiragem de 700 mil exemplares da primeira edição se esgotou. A impressão exibia, em sua capa, a manchete “O Grande Duelo no Mundo Comunista”, em plena conjuntura política da Ditadura Civil e Militar. Além das matérias que complementavam esta temática como: “Rebelião na Galáxia Vermelha”, “A Romênia Quer Resistir” e “Checos Têm Esperanças”.
Todavia, os assuntos não se limitavam ao cunho político. A reportagem “Gonzaga: a volta do Baião” foi uma referência ao cantor Luiz Gonzaga e à música brasileira do Nordeste em uma leitura comparativa com a banda britânica The Beatles.
Dessa forma, a primeira edição da revista VEJA evidenciava a produção e a circulação de discursos que materializavam as formas de pensar, agir e comportar-se daquele período, tornando-se um profícuo repositório para compreender a cultura, a política, a história, o fazer jornalístico e os discursos que disputam por espaço e legitimidade.
Portanto, o que torna uma obra um clássico? Grande parte dos bibliófilos poderá dizer que essa extraordinariedade pode ser pelo fato de uma edição inaugural ser a primeira aparição ao público leitor, pela escolha original do papel, da encadernação, da tipografia, pela importância cultural intrínseca à vida da obra em si. Primeiras edições de periódicos consagrados também passam pelo mesmo crivo de valoração, sobretudo, quando se trata do maior periódico de circulação nacional, com quase 50 anos de história. Temos na “Revista Veja” este exemplo.
Assim, a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida disponibiliza para a comunidade pesquisadora a primeira edição da revista VEJA, na íntegra, evidenciando o convite para a leitura, para a crítica e para o sonho ambicioso de revisitar a nossa história.
Você precisa fazer login para comentar.