OBRA DO MÊS: Recordações da Exposição Nacional de 1861

4 de agosto de 2017

A Biblioteca Átila Almeida, através deste espaço, disponibiliza os catálogos com os dados das obras existentes e disponíveis para pesquisa. Contudo, algumas dessas obras, sendo elas literárias ou de referência, guardam um universo de especificidades que não são contemplados em um catálogo. Considerando que não basta salvaguardar raridades em nosso acervo, e que existe a necessidade de divulgar essas especificidades ocultas nas prateleiras, a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida apresenta aos seus usuários uma novidade neste mês de Agosto.

Mensalmente, a cada primeira semana será lançada a coluna “Obra do mês”, onde apresentaremos uma obra do nosso acervo, podendo ser um livro, um periódico, um cordel, fotografias ou discos de vinis, que compõem nosso acervo, contando um pouco do que representa essa obra e seus critérios de raridade quando tiver.

Para estrear escolhermos o livro: Recordações da Exposição Nacional de 1861, disponível para consulta em nosso acervo.

O livro é uma reprodução do Catálogo da Exposição Nacional de 1861, de produtos naturais e industriais, que dá uma visão histórica global da indústria brasileira na época.

Entenda sobre a exposição:

A primeira exposição de destaque em 1861

No ano de 1861, em Setembro, foi realizada a primeira exposição de grande impacto no Rio de Janeiro, em um dos salões do edifício que sediava o antigo Museu Nacional naquela época. Trata-se do mesmo edifício, que hoje abriga o Arquivo Nacional, em frente à Praça da República ou Campo de Santana.

A exposição versava sobre produtos industriais e naturais da então Província do Ceará. Os produtos foram coletados pelo Dr. Manuel Ferreira Lagos, que havia estado nas províncias do Norte com fins de pesquisa científica. A exposição durou uma semana e teve sucesso, servindo como ponto de partida e inspiração para as que vieram à seguir.

Quanto ao seu organizador, Dr. M. F. Lagos (1806-1879),estudou humanidades e medicina no Rio de Janeiro, foi membro do IHGB, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, atuou no Museu Nacional e foi comissário do Império na Exposição de París. Era um intelectual respeitado em sua época.

1ª Exposição Nacional Industrial em 1861

Em função do sucesso da primeira exposição, outra foi organizada no mesmo ano, inaugurada no começo de Dezembro, mas visando mostrar o progresso industrial do pais.

O local escolhido foi o edifício da antiga Escola Politécnica, depois chamado de Escola Nacional de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Largo de São Francisco de Paula. O edifício foi todo decorado externamente, causando grande admiração em sua época, tendo os artistas Fleiuss e Linde como decoradores da fachada.

A multidão que compareceu ao local se encantou com os ornamentos, estavam bandeiras, galhardetes, flâmulas, vasos de flores, escudos e as tradicionais colchas nas janelas que eram muito usuais em cerimônias de festas no século 19.

O interior do edifício também foi decorado com pompa, tendo um dos salões abrigado o dossel do trono. A Familia Imperial chegou por volta de 11 horas, com a presença da Princesa Isabel e D. Leopoldina.

Este dia 2 de Dezembro foi marcante, pois, seria a primeira vez que ambas tomavam parte em um festejo público e porque a inauguração foi marcada no dia do aniversário de D. Pedro II, certamente uma homenagem.

O Marquês de Abrantes, que presidia a comissão diretora da mostra, fez um discurso saudando os membros da Família Real e D. Pedro II, quando então a exposição foi aberta e inaugurada.

Após a execução do hino da exposição, composto pelo Maestro Carlos Gomes, os presentes percorreram todo o edifício, e muitos elogios foram feitos ao Dr. Ferreira Lagos.

Outras solenidades festivas tomaram lugar naquela data mais à noite, com o palácio da exposição iluminado. Foi feita a cerimônia do beija-mão no paço, Te-Deum na Igreja do Sacramento, e a ópera “Os Dois Amores” de Manuel Antônio de Almeida tomou lugar no antigo e já demolido Teatro Lírico.

A exposição se manteve aberta até o dia 15 de Janeiro de 1862, tendo o Imperador D. Pedro II comparecido ao local outras vezes, bastante interessado nos objetos e artigos expostos.

SOBRE O LIVRO:

Ilustrado com gravuras dos itens da exposição; Encadernação grande formato, capa personalizada com detalhes em dourado; 128 páginas; Formato 36X27 cm; ricamente ilustrado – Esta foi a primeira edição da Confraria dos amigos do Livro após o falecimento de Carlos Lacerda, seu fundador e editor destes volumes.

As edições foram impressas em papel Superwhite de 180gr, Suzano Feffer.  Os livros são de 1977, impressos na cidade do Rio de Janeiro sob direção artística de Victor Burton, revisão do texto de  Nildon Ferreira, com composição na fonte Bodoni por Lídio Ferreira Júnior. Fotolito e impressão pela Polycolor, encadernação pela Lucro.

Foram tirados 2.000 exemplares numerados de 1 a 2.000. O livro que disponibilizamos na Biblioteca Átila Almeida é o numero 1.816 e se encontra em ótimo estado de conservação.

O Instituto Biblioteca Nacional é a guardiã da obra original e disponibiliza através da Biblioteca Digital Luso-Brasileira um PDF da versão que inspirou a obra que a homenageia. Através dela vocês podem perceber como a Confraria dos Amigos do Livro tiveram o cuidado de reproduzir com perfeita exatidão as figuras apresentadas no original.

Se você sabe de alguma informação especial sobre essa obra, conte para nós através do e-mail: atilaalmeida.bc@gmail.com

Esta obra se encontra no acervo geral da Biblioteca Átila Almeida.

Obra do mês de setembro: Datas Campinenses de Epaminondas Câmara, 1947.